terça-feira, 18 de agosto de 2009

Os dois lados de uma Metamorfose.


Ovo, larva, borboleta?
Não, lagarta, dessas que nunca se tornam nada, cuja metamorfose encroou por falta de calor, de carinho.
Uma pobre criatura que pensou poder se transformar, ser feliz e alegrar tudo à sua volta, que almejou ter asas, mas mal conseguiu rastejar seu pequeno corpo desengonçado.

Ovo, larva, lagarta?
Não, borboleta.
Apesar de ter passado pela metamorfose e um dia ter sido um pequeno corpo desengonçado, o diminuto ser lutou bravamente para sobreviver, porque sonhou um dia ter asas e poder voar sobre as flôres alegrando tudo à sua volta!

Não permita à ninguém interferir nas suas transformações, na sua evolução.
Não seja a vida toda uma lagarta arrastando-se pelo chão, lute, crie asas e permita-se voar.

O universo agradece e abençõa todo e qualquer ser, por menor que seja, humano ou não, que luta para sobreviver e fazer deste mundo um lugar melhor.

Miriam Castilho.

sábado, 27 de junho de 2009

Pesadelo ou realidade?

Esfreguei os olhos, parecia difícil acordar, meu corpo dóia, não me lembrava porque.
Levantei e saí para a rua.As pessoas nem me notavam.
Olhei em volta, o céu cinzento, apesar de não haver nuvens denunciava algo diferente.
O mundo parecia apocalíptico, pessoas caminhando sem olhar umas para as outras, em cada rosto preocupação, desespero e desesperança.
Olhares distantes, vazios, gestos automáticos, como androides programados para cada movimento.
Ar carregado, cheiro de morte, talvez porque não havia vida de verdade naqueles corpos jovens ou velhos que passavam por mim, apenas corações ainda batendo dentro de peitos cansados de sofrer. Cérebros que há muito deixaram de processar coisas ou sentimentos bons, olhos que se voltaram apenas para o negativo, deixando de enxergar qualquer tipo de esperança ou virtude no que quer que fosse.
Terror...Será que dormi e acordei em outro mundo, ou será que sou a única que ainda sonha com algo melhor?
Depois de muito caminhar sentei no meio fio, em uma esquina qualquer do mundo e fiquei ali parada tentando entender.
Não vi sorrisos, nem olhos brilhando.
Não vi casais apaixonados, nem crianças brincando.
Do outro lado da rua então percebi algo como um palanque montado, e de repente lembrei-me...
O carrasco nem cobriu o rosto, subiu até o cadafalso com extremo prazer estampado no rosto, o nome dele era "Humanidade".Executou sua vítima sem dó nem piedade, pois esses sentimentos já haviam sido esquecidos há tempos.
Dos que assistiam o espetáculo macabro, uns poucos sentiram um nó no peito, mas nenhum conseguiu chorar.Abaixaram os olhos e seguiram com suas pobres vidas.
O réu estava morto, o nome dele era "Amor", com ele, de tanto desgosto, morreu sua amiga "Esperança".
Miriam Castilho.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Vazio

Procuro em meu cérebro palavras, cenas, histórias.
Vasculho tudo, cada pedacinho.
Escavo no meio da massa encefálica e não encontro nada, os neurónios dormem, tudo parece morto aqui dentro.
Mudo de foco, apesar de saber que é da cabeça que saem as ideias agora procuro no coração.
Artérias, veias, músculos, mas o órgão bate fraco, cansado, não consigo perceber nada que me inspire, tão vazio quanto o resto.
Nas minhas veias o sangue corre como se quisesse pular para fora, explodir os vasos.
SIM, estou viva, e é de vida que tenho sede, quero os miolos fervendo em mil ideias alucinantes, o coração disparado de emoção, cantando a vida em amor ou ódio.
Onde foi parar minha inspiração? Em que lugar se escondeu minha imaginação? Será que está em outra pessoa que não eu mesma, esperando ser redescoberta através de uma nova e verdadeira paixão?
Responda-me quem souber....

Miriam Castilho