quinta-feira, 8 de maio de 2008

Hoje queria falar de coisas belas,
mas acordei sentindo o peso do mundo em minhas costas.
Sinto aquela dorzinha no peito que dói, mas não é física, vem lá de dentro.
Aquela dorzinha própria das pessoas que são inconformadas,
que querem mudar o mundo como se isso fosse possível.
Não sei nem porque, talvez por ouvir tantos
e acabar envolvendo-me nas dores deles,
talvez pelas minhas próprias decepções
que nesta altura da vida não são poucas,
só sei que hoje o dia me parece mais escuro e lento.
Ouço o gemido do vento que bate na vidraça,
parece que chora pelos lugares que não visitou.
A orquídea que ontem exalava perfume e beleza está cabisbaixa, olha para o chão ignorando um raio de sol que teima em tocá-la.
As carpas no aquário não fazem festa entre elas,
reuniram-se ao fundo como que a confabular
sobre seus problemas, sim,
porque até elas parecem tristes hoje.
Alguém bate na construção ao lado,
não com o ritmo daqueles que amam o que fazem,
mas com a cadência triste
daqueles que já não têm esperanças.
Escuto ao longe um riso,
do outro lado da rua uma criança brinca
alheia à tudo,
ri do vira-latas que corre ao seu redor.
ANJO!!!
Todas elas, as crianças são assim,
anjos que nada sabem sobre o mundo,
pois o mundo delas é feito da mais pura inocência.
Agradeço aos céus por ter ouvido esse riso.
Agradeço também por esses anjos existirem,
e mesmo enquanto alguns crescem e são arrastados
pela maldade do mundo,
outros são enviados pequeninos para nos dar um pouco de esperança.
Estou ainda triste, mas este som aliviou um pouco minha dor.
Que sempre haja na vida de cada um de nós
um anjo por perto a sorrir.


Minha modesta homenagem ao Davi e a todas os anjos que vieram para este mundo, inclusive àqueles que partiram cedo e batendo suas inocentes asas retornaram ao paraíso.


MIRIAM CASTILHO.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Flôr e o Vento.

O vento soprava leve
a flor branca como neve
sentiu nas folhas
o arrepio da leve brisa
O vento dissimulado
soprou delicado
enganando a flor ainda botão
A bela inocente
apaixonou-se por ele
e timida,
desabrochou lentamente
O vento lambeu suas folhas
tocou seu pistilo
e penetrou seu intimo
Ela sincera abriu-se para ele
que de brisa tornou-se vendaval
e tomou-a tão violentamente
que -la despetalar
pétalas levadas ao vento
voando para lugar algum
só o perfume restou
da flor que um dia se apaixonou.

Miriam Castilho