sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poema derradeiro


Você trás o inferno em suas palavras.

E o coloca dentro de mim.

Você é a foice da morte no acoite do verbo,

O corte da dor na eloqüência da morte.

Você é a falta de misericórdia dos brutos,

A teimosia na discórdia dos imbecis.

Cada gesto que desdiz a palavra que contradiz,

A ignorância que dispensa comentários,

Porque grita o que acredita ser.

Você é o tirano que exige obediência

O senhor que castiga na demência

Você é o arrependimento daquilo que não devia ter sido

O tormento do que não devia ter vingado.

O lado mais podre do que parecia ser bom,

O odor mais fétido ferindo meus sentidos,

O pior monólogo ofendendo meus ouvidos,

Você é um soneto ruim, uma música nefasta,

Você é a pior obra de um artista louco.

Perdeu seu cavalo branco, perdeu sua armadura,

Perdeu seus encantos, perdeu a magia.

Você é o que sobrou de um sonho derradeiro

O último sonho que eu poderia sonhar.

Miriam Castilho

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